1º Palestra PET de 2016 – Registro

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EXAGERO IMAGINATIVO: QUANDO A REALIDADE É EMBOTADA E AS SOMBRAS GANHAM VIDA

No dia 21 de junho de 2016, no Auditório do Bloco Didático do campus da Liberdade, na UNILAB, iniciamos o Ciclo de Palestras PET 2016, uma atividade de extensão do PET de Humanidades e Letras da Unilab desde maio de 2014. Como primeira convidada, recebemos a Prof. Dra. Fátima Maria Araújo Bertini, do Curso de Psicologia da UFC. A Profa. Bertini é Doutora em Psicologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e orientanda de Pós-Doutorado da Prof. Dra. Marilena Chauí. O título de sua conversa com os discentes da Unilab foi “Conviver com a ansiedade e o medo no quotidiano universitário”.

Fátima Bertini iniciou sua fala definindo “ansiedade” – Sensação de incômodo, angústia, frente à situação corriqueira, em decorrência da ampliação que fazemos das dimensões do real – exagero imaginativo diante das situações.

Após essa definição, Bertini distinguiu os conceitos de “ansiedade” e “medo”. Embora ambas as emoções estejam no plano das SENSAÇÕES e gerem sensação de impotência, elas se distinguem na medida em que a ANSIEDADE é incômodo diante de algo que ainda vai acontecer (exemplo: uma viagem que você fará, um seminário para apresentar, uma prova a fazer); o MEDO, por sua vez, é incômodo diante de algo real, de fatos (exemplo: um bandido com uma arma apontada na sua direção).

Feito esse introito, Bertini nos falou sobre o “nascimento dos medos”. Nós não nascemos com “medo”, aprendemos a ter medo ao longo da vida. Prova disso é que a criança pequena põe o dedo na chama da vela, mas, depois, reluta, por medo de que a sensação de dor se repita [Parêntese: Já dizia a canção “Toda dor vem do desejo de não sentirmos dor”]. O emocional, gradativamente, passa a ter poder sobre o racional… o emocional nos conduz bem mais que o racional ao longo da vida. O medo e a ansiedade são, portanto, construídos socialmente ao longo das nossas vidas.

Bem, mas sentir medo, destaca Bertini, é fundamental à preservação da espécie. O MEDO se torna ruim quando desproporcional em relação ao estímuloquando a sombra da mão na parede vira um monstro aterrorizante! Assim, passamos a ter um problema quando o medo e ansiedade se tornam patológicos. Ou seja, antecipar, no pensamento, uma situação ou um problema é excelente, pois permite a programação do indivíduo, mas, quando essa antecipação é acompanhada por imaginações catastróficas, desmobiliza nossa ação e nos impede de pensar!

O que hoje conhecemos como “transtorno de ansiedade” é, na verdade, explicou Bertini, um conjunto de tipos específicos de patologias: que pode ser um transtorno de ansiedade generalizada, uma fobia social ou um transtorno obsessivo-compulsivo. Todos esses tipos são resultantes de um processo de socialização danoso, que fica na memória (mesmo que não tenhamos mais consciência) e vem à tona ao longo da vida. Esses geram uma disfuncionalidade da personalidade, pois perdemos a capacidade de nos adaptar.

Por que alguns indivíduos são mais ansiosos que outros? Indagou Bertini. Porque alguns passaram por um processo de socialização mais traumático que outros, desenvolvendo a personalidade controladora. Pessoas ansiosas sentem que precisam CONTROLAR tudo.

O que podemos então fazer para aprender a lidar com o medo e a ansiedade? A partir desse questionamento, Bertini concede algumas “dicas”:

1) Aprenda a conviver com os elementos ansiogênicos.

Só há um modo de aprender a conviver com o medo, enfrentando o que lhe causa medo. Se você fugir, nunca vai aprender a não ter medo. Se um dia você aprendeu a ter medo, agora precisa aprender a não ter medo.

2) Faça uma coisa de cada vez.

As tecnologias são elementos ansiogênicos. Somos tentados a fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Isso gera ansiedade e medos.

3) Tenha várias possibilidades.

Não ache que há um só caminho, por isso é HIPERDIMENSIONAR o caminho.

4) Organize seu tempo e planeje os objetivos e as metas.

Se você não organiza seu tempo, o tempo desorganiza você.

Após sua fala, Bertini realizou uma dinâmica com os discentes. Ela entregou um pequeno vidro com uma pergunta dentro dele. Os discentes tinham de passar de mão em mão o vidro e, na hora que ela dissesse “parou”, eis que o/a discente com o vidro nas mãos precisava abri-lo, ler a pergunta e conceder a reposta… a ansiedade foi se instaurando, pois foi gerada uma expectativa de passar a tarefa a outrem; afinal: o que era a tal pergunta? Saberei responder? Observamos que, nessa dinâmica, os que ficaram ansiosos imaginaram o seu fracasso público em conceder uma reposta, hiperdimensionaram a situação futura, que, talvez, nem ocorresse.

Quando iniciada a conversa entre os discentes e a convidada, várias perguntas foram feitas sobre “como perder o medo de falar em público”, “como perder o medo de falar com pessoas estranhas”, “como conseguir encarar o magistério”… entre outras…

Fátima Bertini concluiu lembrando que estar bem diante das pessoas é, primeiramente, estar bem consigo mesmo: é preciso se autoavaliar, (re)conhecer o que são caraterísticas de personalidade, o que o/a atrapalha / incomoda… e, gradativamente, enfrentar os medos… O MONSTRO NA PAREDE PRECISA VOLTAR A SER UMA MERA MÃO, QUE NADA PODE FAZER CONTRA VOCÊ.

 

A Unilab agradece muito a sua visita, Fátima! Já estamos à espera da próxima interação.

PET de Humanidades e Letras da Unilab. Tutora: Léia Menezes.

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