Variação linguística.

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Constantemente, observamos as pessoas à nossa volta falando de maneiras diferentes, mas isso não os impedem de se entenderem. Isso é a riqueza social da variação linguística. A variação linguística entende-se por processo pelo qual duas formas podem ocorrer no mesmo contexto com o mesmo significado. Por exemplo, é comum, no contexto brasileiro, ouvir uso de formas “nós vai” e “nós vamos”.  São duas formas que ocorrem no mesmo contexto e com valores referenciais/representacionais iguais, ou seja, significados iguais. 

Agora vamos observar a variação linguística em dimensões interna e externa e trazer alguns exemplos de níveis de cada dimensão, na perspectiva de Bagno (2007) e Coelho et al (2015).

Dimensão interna reúne os níveis gramaticais (estilístico-pragmática, lexical, fonético-fonológico, morfológico, sintático e semântico).

Dimensão externa reúne os fatores sociais como: Origem Geográfica, Status Socioeconômico, Grau de escolaridade, Idade, Mercado de trabalho e Redes sociais.

Alguns conceitos e exemplos de níveis interno em que ocorrem a variação:

Variação fonético-fonológico– consiste em diferentes formas de pronunciar um som numa mesma palavra. Exemplo: as diferentes pronúncias para o R na palavra Porta.

Variação morfológica um caso de exibição de sufixo diferente para expressar a mesma coisa. Exemplo: pegajoso / peguento

Variação sintáticaconsiste em organização frásica diferente, mas que porta o mesmo sentido geral. Exemplo: “Uma história que ninguém prevê o final” / “Uma história que ninguém prevê o final dela”.

Variação estilístico-pragmática– situação diferente da interação social que se revelam na marcação do grau de formalidade do ambiente ou de intimidade entre os interlocutores. Exemplo: “Queiram se sentar, por favor!” / “Vamo sentano aí, galera”. 

Alguns fatores sociais (externo) que auxiliam na identificação dos fenômenos de variação:

Origem Geográfico– a língua varia de diferentes lugares. Exemplo: falar de um cearense difere de um carioca; falar de um falante do interior de São Paulo é diferente do falar de um falante do centro da cidade de São Paulo.

Grau de Escolaridade- acesso à educação formal, à cultura, à prática da leitura e escrita reflete na forma de falar de qualquer falante.

Mercado de Trabalho- a profissão de um falante reflete na sua forma de falar. Exemplo: um advogado usa repertório linguístico diferente de um eletricista, vice-versa.

Redes Sociais– “cada pessoa adota comportamentos semelhantes aos das pessoas com quem convive em sua rede social; estre esses comportamentos está   também o comportamento linguístico” (BAGNO, 2007 p. 44). 

Portanto, vale dizer que, a variação linguística, de certo modo, ajuda a revelar quem o falante é, de onde vem, nível de  escolaridade, entre várias outras informações.

Referências: 

COELHO, Izete Lehmkuhl. et al. Para conhecer sociolinguística. São Paulo: Contexto, 2015.

BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editora, 2007.