A importância da literatura para conhecer a história de um país:

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Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus e Terra Sonâmbula de Mia Couto

Introdução:

A literatura é a arte de contar histórias através da junção de palavras. Essa arte permite que possamos estar no mundo atual ao mesmo tempo que estamos imersos em outros universos ou em outros momentos históricos. A literatura nos permite registrar uma história para que a mesma não seja esquecida e seja sempre lembrada. 

Hoje, vamos apresentar duas obras literárias que falam sobre a realidade dos respectivos países, Brasil e Moçambique, através da arte da escrita de Carolina Maria de Jesus e Mia Couto.

Quarto de despejo de Carolina Maria de Jesus – Brasil

A autora escrevia em diários sua realidade como mulher, mãe, negra e pobre vivendo na favela do Canindé em São Paulo. Em 1958, o jornalista Audálio Dantas (1929-2018) conheceu a autora e os diários, e ajudou Carolina a publicar seu primeiro livro — Quarto de despejo: diário de uma favelada. A obra denuncia a negligência governamental com as favelas, a fome, a violência, a falta de oportunidades de educação, emprego, saúde e saneamento. A partir da escrita biográfica das vivências pessoais da autora, podemos observar como a cidade de São Paulo era dividida entre periferia e bairros ricos, e ao comparar com a atualidade, infelizmente, podemos perceber uma notória semelhança.

Terra Sonâmbula de Mia Couto – Moçambique 

O livro foi publicado, pela primeira vez, em 1992 e conta a história do menino Muidinga e do velho Tuahir, que, fugindo da guerra civil de Moçambique, que durou de 1977 a 1992, encontram abrigo em um machimbombo (um ônibus) abandonado em uma estrada. Muidinga encontra os cadernos de Kindzu, cujos relatos estão relacionados ao passado do menino. Desse modo, a obra, em meio a acontecimentos fantásticos, mostra os elementos da cultura moçambicana, de forma a enaltecer a identidade nacional, a partir de um olhar lírico, mas também crítico. Na obra, Mia Couto faz duras críticas sobre como uma Guerra civil pode destruir famílias, sonhos e a esperança de uma nação, mas também mostra como a literatura pode ser um escape para fugir dessa cruel realidade.