DiQuinta do PETHL: Concepções de leitura

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A dica de hoje foi escrita pela petiana Martiniza Camparam, que nos apresenta algumas concepções de leitura. Aproveite!

Considerando que a leitura é um processo complexo e ao mesmo tempo indispensável para experimentar o mundo por meio de texto. Conheça os quatros (4) concepções ou modelos de leitura apresentada pela Peixoto (2007) com base em Braggio (1992). É importante ainda destacar que esses modelos de leitura não podem ser considerados fixos, pois não conseguem abranger todas as realidades complexas em que a prática de leitura se encontra inserida.

O primeiro modelo, é a mecanicista ou tradicional

Tem como base a teoria behaviorista e o estruturalismo americano de Bloomfield que consideram a linguagem como um sistema fechado em que os significados são extraídos diretamente do texto. Com isso, a leitura é apenas uma prática de decodificação, ou seja, para essa vertente o texto é como “uma mina cheia de riqueza”, e o leitor só precisa explorá-lo com muita persistência e esforço para obter os conhecimentos almejados.

O segundo modelo,  é a psicolinguística 

E baseado nas reflexões de Chomsky, e diferentemente do modelo apresentado anteriormente, que enfatiza o texto como fonte de conhecimento exato, o foco dessa perspectiva é no leitor e o seu conhecimento prévio, ou seja, a ênfase aqui é no conhecimento antes adquirido pelo leitor não no texto, considerando assim, que o ato de ler está intimamente ligado a atribuição de significados ao texto. Pois, os teóricos dessa concepção defendem a ideia de que um leitor tem a capacidade inata de adquirir a linguagem, sendo assim, ele/ela deixa de ser compreendido como uma tábua rasa, por isso, seus conhecimentos antes adquiridos são indispensáveis para a compreensão da leitura.

O terceiro modelo é a interacionista

Para essa concepção o foco no processo de leitura não está no texto nem no leitor, mas sim na interação entre leitor e autor através do texto, pois para eles/elas a leitura não é percebida como um processo isolado em que o conhecimento é adquirido individualmente tendo como fenômeno central o texto ou o leitor e seu conhecimento prévio, e sim, o conhecimento se constrói dentro da interação, ou comunicação, portanto a leitura é um ato de comunicação entre o autor e leitor através do texto.

O quarto modelo é a sociopsicolinguístico

Essa concepção não possui muita diferença com o modelo interacionista, que enfatiza a interação entre o autor e o leitor, O modelo sociopsicolinguístico, a interação é indispensável no processo de construção de sentido, mas também a presença do sujeito mais envolvido no evento de leitura como professor/a, educadores e outros alunos é muito crucial na construção de sentidos, sendo assim, os estudiosos desse modelo defendem a ideia não só da interação entre o autor e o leitor por meio de texto, mas também  a mediação de professores, alunos e outros indivíduos mergulhados no mundo de leitura em que o sentido do texto passa a ser construído coletivamente envolvendo debates em sala de aulas ou fora. 

                                                         Síntese

Modelo mecanicista ou tradicional: ênfase no texto.

Modelo psicolinguístico: enfatiza o conhecimento prévio do leitor. 

Modelo interacionista:  ênfase na interação leitor -autor via texto.

Modelo sociopsicolinguístico: enfatiza interação autor -leitor – formador de leitores (Professor/a ou alunos)  via texto. 

Referência: 

PEIXOTO, Camila Maria Marques. Análise da Proposta de Planejamento de Aulas de Leitura do Material Didático do Projovem . 2007.Dicertação (Mestrado em Linguística) -Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2007.

LEFFA, Vilson J. A teoria de esquemas. In : LEFFA, Vilson J. Aspectos da leitura .Porto Alegre: Sagra DC Luzzatto,1996. P.25-44.