DiQuinta do PETHL: Conheça O Poeta Carlos De Assumpção:
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Dica elaborada pelo PETiano Rodrigo Peixoto.
Carlos de Assumpção é um poeta afro-brasileiro, nascido no interior de São Paulo, em 1927. Sua obra, que conta com antologias e vários livros de sua autoria, reúne poemas de protesto contra o racismo e as múltiplas explorações sofridas pelos povos negros, bem como sobre as forças ancestral e fraterna que carregam dentro de si. Com foco no contexto brasileiro, grande parte destes escritos, ao longo dos 94 anos da vida de Carlos, que segue escrevendo suas trajetórias, estão compilados no livro “Não Pararei de Gritar: Poemas Reunidos”, lançado pela Companhia das Letras, em março de 2020.
“Meus poemas falam de injustiça, de violência, de opressão, de exploração que pesam sobre nós, mas também falam de esperança por fraternidade, por um país melhor, por um mundo melhor.”
– Carlos de Assumpção, em entrevista ao Estado de Minas.
Confira agora alguns trechos de seus poemas mais impactantes.
I
A princesa a Isabel
Passou cheque sem fundo
Enganando todo mundo
Enganando todo mundo
A escravidão não acabou
A escravidão continua
Só não vê quem é cego
Ou tem a cabeça na lua
II
Quem mandou matar Marielle?
Quem mandou matar Marielle?
Nossa nova Dandara
Quem mandou matar Marielle?
A enviada de Ogum…
Há no ar silêncio enorme
Não há nenhuma resposta
Será que a justiça dorme
Ou a justiça tá morta?
III
Irmão sou eu quem grita
Eu tenho fortes razões
Irmão sou eu quem grita
Tenho mais necessidade
De gritar que de respirar
Mas irmão fica sabendo
Piedade não é o que eu quero
Piedade não me interessa
Os fracos pedem piedade
Eu quero coisa melhor
Eu não quero mais viver
No porão da sociedade
Não quero ser marginal
Quero entrar em toda parte
Quero ser bem recebido
Basta de humilhações
Minh’alma já está cansada
Eu quero o sol que é de todos
Ou alcanço tudo o que eu quero
Ou gritarei a noite inteira
Como gritam os vulcões
Como gritam os vendavais
Como grita o mar
E nem a morte terá força
Para me fazer calar.