DiQuinta do PETHL: o que é o conceito de hesitação?
- -
Se você é do meio acadêmico com certeza já se irritou consigo mesmo, numa apresentação de trabalhando tendo várias hesitações na sua fala. Um “…ah…” ou “…éh…”, ou até mesmo, pausas prolongadas no meio da fala, já aconteceram com você? Entenda um pouco sobre esse fenômeno.
A hesitação é parte da competência comunicativa em contextos interacionais de natureza oral e não uma difusão do falante, um fenômeno linguístico típico da oralidade. Ela desempenha papéis importantes na fala como:
Papéis formais
Papéis cognitivos
Papéis interacionais
Defende-se também que não se é um fenômeno aleatório, mas, que segue alguns princípios de distribuição, servindo como um alerta de organização sintagmática da língua.
Portanto, é a presença de atividades discursivas na materialidade linguística, evidenciando numa transcrição fiel da fala, manifestando-se na superfície linguística do texto falado.
Veja 5 tipos de hesitação
Os tipos aqui identificados podem ser assim caracterizados:
- Pausas não preenchidas
Silêncios prolongados que se dão como rupturas em lugares não previstos pela sintaxe (cortes de estruturas sintagmáticas) e pelo fluxo da fala.
Ex:
– tem um restaurante com o nome (pausa) também não lembro.
– não gosto muito de: filme (pausa) muito triste.
- Pausas preenchidas
Ocorrências de marcadores de hesitação do tipo “éh”, “mm”, “ah”; alongamentos vocálicos com características hesitativas e marcadores convencionais acumulados.
Ex:
– o que me chama atenção? …ah… é roupas éh: : … cenários.
– tem um grupinho que nós... éh…um grupo assim: da minha idade.
- Gaguejamentos
Repetições de unidades inferiores a um item lexical e pedaços de palavras iniciadas.
Ex:
– a fotografia do filme Avatar é uma ma/ Maravilha.
– aquela artista f/ famosa.
- Repetições hesitativas
As repetições julgadas não significativas semanticamente, geralmente repetição de itens formais.
Ex:
– olha nem sei viu?… o que o que falar.
– a ultima peça foi com aquelas aquela aquela artista.
- Falsos inícios
Todos os inícios de unidades sintáticas oracionais, que são iniciadas com algum problema e refeitos ou retomados o que distingue este tipo de cortes oracionais que são construções abandonadas.
Ex:
– agora eu tenho u/a as minhas amigas vão vão.
– eu acho que o teatro tá… tá tão/ não sei eu vou.
A hesitação revela as estratégias adotadas pelos falantes para resolverem os problemas que surgem no seu processamento. Isto quer dizer que a hesitação não é uma propriedade ou característica do falante como tal, nem da língua em si, mas um fenômeno de processamento.
Referência: MARCUSCHI, Luiz Antônio. “A hesitação.” Gramática do português falado 7 (1999): 159-194.
Dica elaborada pela petiana Janiele Sales