MINICURSO PET NA I SEMANA UNIVERSITÁRIA DA UNILAB

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UM PASSEIO LITERÁRIO-HISTÓRICO-FILOSÓFICO….

Na sexta-feira (10 de outubro de 2014), na sala 05 dos Palmares I, das 14h às 18h, ocorreu o Minicurso Elegia Latina: gênero e conteúdo, ministrado pelo Pós-Doutor em língua e literatura latina Francisco Edi de Oliveira Sousa, Professor de Letras Clássicas da Universidade Federal do Ceará.

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A partir de material didático especialmente preparado para a I Semana Universitária da UNILAB (em anexo no final deste registro), o Professor Francisco Edi nos guiou em um passeio histórico-literário-filosófico pela Antiguidade latina. Iniciamos a tarde com a conceituação de Elegia a partir da interpretação do metapoema 01 da obra Amores, de Ovídeo. Em termos metafóricos, Ovídeo fala da ação do Cupido – do filho de Vênus – que surrupia um pé do verso hexâmetro, característico da Épica, criando assim o verso Pentâmetro, verso de cinco pés: toda elegia latina é composta por dísticos; cada dístico é formado por hexâmetro e pentâmetro. Eis que o Cupido criou não apenas uma nova medida para o verso, mas com ela um espaço que privilegia as temáticas do amor, da bebedeira, das preocupações da juventude.

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Após considerarmos o significado de Elegia; saímos um pouco de Roma e aportamos, em tempos anteriores, na Grécia. Consideramos as mudanças pelas quais o gênero Elegia passou ao longo da Antiguidade: na Grécia arcaica, era um poema de circunstância (para animar os soldados antes de partir para a guerra, por exemplo); feito, às vezes, de improviso; no período helenístico, são escritos livros de poemas elegíacos,  Antímaco de Cólofon escreveu  dois livros de poesias elegíacas, nos quais o poeta valorizava a mitologia, temática até então não contemplada na Elegia. Assim, a Elegia perde seu caráter de poema de circunstância.

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Voltando à Roma, o Prof. Francisco Edi dedicou especial atenção ao poeta Sexto Propércio. Estudamos o metapoema de Propércio à sua musa, Cíntia; e, através dele, refletimos sobre algumas das características do amante elegíaco, aquele que tem como inimigos “a viagem”, pois significa distância física da amada; “a infidelidade”, pois a tem como inevitável, constitutiva do comportamento humano, e “a morte”, pois essa o distancia em definitivo da amada. O amor, na Elegia, é enfermidade, é um mal que não se consegue evitar, cuja cura estaria na Filosofia, o reduto da razão. O poeta Propércio, em seu livro 04, realiza uma viagem a Atenas, sem Cintia, para curar-se pela Filosofia.

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Dedicando atenção à composição da Elegia, o Professor Edi registrou na lousa trechos em latim de poemas elegíacos a fim de nos explicar importante característica retórica desse gênero: a mimese de conteúdo. Era comum a representação da ideia por meio de imagens construídas com a linguagem verbal, assim, por exemplo, em “Cynthia prima suis miserum me cepit ocellis” (Cíntia, a primeira, me prendeu com seus olhinhos), temos a disposição gráfica de tal modo que é possível visualizar o poeta em situação de miséria preso entre os olhos de Cynthia, pois “suis” (seus) e “ocellis” (olhos) estão propositadamente separados na frase, e, no meio, está “miserum me” (miserável poeta). A mimese de conteúdo era característica da Elegia.

Na conclusão do Minicuso, estudamos a belíssima elegia em que o ambiente épico dos campos de batalha é convertido para o ambiente elegíaco do amor: a idade apropriada para a guerra é também a que convém aos prazeres de Vênus.

Concluiu o Professor Francisco Edi sua visita à UNILAB por agradecer a recepção e o interesse dos alunos. Por contextualizar um pouco de sua trajetória acadêmica (Graduação em Letras na UFC, mestrado em Literatura Brasileira na UFC, Doutorado em Literatura Clássica USP-SORBONNE e Pós-Doutorado em Literatura Clássica na SORBONNE). Por enfatizar a importância de um saber interdisciplinar para compreensão da literatura. Uma vez que os poetas da antiguidade se caracterizavam pela erudição: conheciam muito bem Geografia, História, Filosofia, Retórica… a única maneira de estudar as obras de tais artistas hoje é tentando nos aproximar ao máximo dessa erudição, explicou o Professor Edi. Arrematou o Professor Edi por destacar a importância de Ovídeo na Literatura Ocidental; sendo fundamental compreendê-lo para os estudos da literatura contemporânea.

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Só temos a agradecer! Esperamos, brevemente, receber novamente o Professor Francisco Edi de Oliveira Sousa na UNILAB para nova imersão Literária – Histórica – Filosófica.

Minicurso PET - 10-10-2014

U N I L A B_Elegia_Francisco Edi_10 de outubro

PET DE HUMANIDADES E LETRAS DA UNILAB.