Registro – 1º Palestra PET de 2015
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O Projeto PALESTRAS PET 2015 teve início na sexta-feira, 10 de abril de 2015. Na primeira Palestra, tivemos a oportunidade de refletir acerca da construção de uma nação.
Sob a temática geral Olhares sobre a construção da nação: Brasil e Angola, quatro professores-pesquisadores, destacaram aspectos específicos dos estudos em torno da nação brasileira e angolana.
A primeira a falar, nossa convidada, Professora Mônica Dias Martins, da UECE, desenvolveu o tema Nações pós-independência e sua inserção internacional. A professora Mônica explicou que a PERCEPÇÃO e o RECONHECIMENTO EXTERNO são prerrogativas para que exista uma NAÇÃO. Assim, ilustrou Mônica, ao afirmar “Eu sou brasileiro”, nota-se a percepção de quem fala quanto ao seu lugar de origem. Por sua vez, se ao chegar, por exemplo, a Maputo, alguém diz: “Mônica é brasileira”, observamos o reconhecimento externo de um grupo, de uma região claramente identificada como Brasil. Em sua fala, Mônica versou sobre pontos polêmicos como a afirmação de que a existência dos muito pobres é o problema para o desenvolvimento de uma nação. NÃO, deixou claro Mônica, a existência dos muito ricos é que é o problema para o desenvolvimento de uma nação. Acerca dos traços do colonialismo, outro ponto abordado na fala de Mônica, houve explicação do chamado “modelo de desenvolvimento econômico exógeno”, o qual, até hoje, inviabiliza a consolidação do mercado de trabalho.
Na sequência, o Professor Fábio Baqueiro, da UNILAB, desenvolveu o tema Estudo do nacionalismo angolano: desafio e perspectivas. O Professor Fábio suscitou reflexão acerca da equivocada compreensão do chamado “modelo de retomada das iniciativas”, presente no discurso acerca do nacionalismo em África. Essa compreensão é equivoca, explicou Fábio, porque dá a entender que os africanos, por algum tempo, perderam seu poder sobre o rumo de sua história, mas ninguém perde o controle de sua própria história! Fábio versou sobre pontos polêmicos ao discutir quão absurda é a afirmação segundo a qual o Estado não dá certo porque é composto de muitas pessoas de origem distintas. Por fim, Fábio destacou como as clivagens são complicadas – partido X é ideologicamente correto versus partido Y é ideologicamente inadequado –, é preciso um olhar para a história com atenção devida, para que as clivagens não sejam superficiais.
Na sequência, o Professor Bas’llele Malomalo, da UNILAB, desenvolveu o tema A problemática das ‘pequenas nações’ na RDCongo: a visão política do profeta Mwana Semi sobre a nação Kongo. O Professor Bas’llele iniciou sua fala ilustrando o conceito de pequena nação, com o caso do Kebec, que luta por seu reconhecimento como “nação”, dentro de uma nação maior – o Canadá. Em sua fala, Bas’llele considerou o caso das pequenas nações na RDCCongo, por contextualizar a atuação política-religiosa de MUANDA NSEMI, para o qual política e religião são faces da mesma moeda. Em sua exposição, Bas’llele considerou o problema de identidade em África e discutiu o conceito de ETNIA. Uma etnia é um grupo social que se define por elementos como língua, religião, história, território, mitos (reais ou inventados).
Arrematando a discussão, o Professor Sebastião André Alves de Lima Filho, da UNILAB, desenvolveu o tema Nação e Emoção: Os Fundamentos da Identidade Nacional. O Professor Sebastião iniciou sua fala suscitando reflexão acerca do que gera o sentimento de pertencimento a um grupo nacional; sentimento esse que gera comportamentos que vão até de encontro ao que é considerado civilizado – exemplo: franceses e alemães se matando na 1º Guerra Mundial! Nação, portanto, explicou Sebastião, é uma instituição imaginária, fundamentada em símbolos, em arcabouços mitológicos. Quanto à gênese da identidade nacional, explicou Sebastião, que ela é europeia, tem relação íntima com o capitalismo, sistema que, para funcionar, precisa “unificar as massas”. Historicamente, no entanto, as classes médias, letradas, começaram a questionar a uniformidade proposta.
Após a exposição dos Professores Mônica, Fábio, Bas’llele e Sebastião, seguiu-se o debate. Os alunos participaram com várias perguntas a cada professor….
Ao término, os alunos tiveram acesso aos livros trazidos pelo Grupo de Pesquisa Observatório das Nacionalidades, coordenado pela Professora Mônica Martins.
Em conversa com os alunos, após o evento, guardamos com especial carinho a frase de Tamilton, graduando da UNILAB, que, quando indago se tinha gostado do evento, disse que tinha sido UMA GOTA NA VODCA NA GARGANTA DO BÊBADO, ou seja: havia ficado o desejo de mais…
Esperamos poder proporcionar mais “vodca na garganta no bêbado”!
Agradecemos muito à disposição e ao excelente momento de discussão/aprendizado que nos foi proporcionado por Mônica, Fábio, Bas’llele e Sebastião e por nossos alunos!
No Face do PET, a CERTIFICAÇÃO do evento: https://www.facebook.com/pages/PET-de-Humanidades-e-Letras-da-Unilab/214362005431197?fref=ts
[OBSERVAÇÃO: em caso de qualquer equívoco na sua certificação, queira enviar e-mail para pethl@unilab.edu.br ]