Sufixo avaliativo “inho”
- -
Dica do PETiano Luís Brion
A abordagem tradicional (gramática normativa), predominantemente, caracteriza o sufixo inho como diminutivo, fazendo referência ao tamanho do item lexical a que se associa o sufixo. Entretanto, são sufixos que, quando afastados da abordagem tradicional, por sentidos que carregam, tomando em conta os elementos contextuais, ultrapassam uma simples característica do diminutivo, e devem ser considerados, segundo Rosa (1982 apud PEREIRA, 2020) de sufixos avaliativos. Para ele, esses sufixos carregam, com frequência, mais acepção subjetiva do que simplesmente dimensional.
São denominados de sufixos avaliativos porque exprimem juízo de valor do locutor em relação ao conteúdo semântico da palavra base.
Posto isto, vamos trazer uma divisão dos sufixos avaliativos na perspectiva do linguista Rocha (2008 apud PEREIRA, 2020), segundo o qual, os sufixos avaliativos podem ser divididos em três categorias: o subjetivo, o valorativo e o dimensional.
Sufixo avaliativo subjetivo, a acepção se revela quando o falante demonstra amor, carinho, educação e, até mesmo, não afetividade a um referente específico.
Ex: “Entrei na lanchonete e paguei antes mesmo de tomar meu
tradicional cafezinho expresso em Cumbica.” (ENUNCIADO 4 apud PEREIRA, 2020)
Sufixo avaliativo valorativo é anexado à base de um item lexical a fim de estabelecer um julgamento de valor, que pode ser tanto positivo como negativo.
Valorativo negativo/pejorativo
Ex: “Essa playboyzada me agride porque sou muito diferente do mundinho deles, uma ignorância, disse.” (ENUNCIADO 8 apud PEREIRA, 2020)
Valorativo positivo/melhorativo
Ex: “Um dinheirinho a mais pode vir a engordar o orçamento mensal dos
professores da rede estadual de ensino do Rio.” (ENUNCIADO 11 apud PEREIRA, 2020)
Sufixos avaliativos dimensionais fazem referência ao tamanho do item lexical a que se adjunge o sufixo.
Ex: “Quando eu era garotinho e magrinho, as mulheres saíam correndo
de mim.” (ENUNCIADO 19 apud PEREIRA, 2020).
Enfim, vimos que o sentido do sufixo inho não é autônomo, porque só funciona a partir do estabelecimento de relação com outros termos presentes no contexto. Vale salientar que a melhor forma de depreender o sentido do sufixo é quando o encararmos dentro do seu enunciado de utilização, pois só assim podemos dar conta da multiplicidade do sentido que contém.
Referências
PEREIRA, Carlos Gustavo Camillo. Análise do sufixo avaliativo diminutivo no português brasileiro a partir do uso de corpus eletrônico. Enlaces, v. 1, n. 1, p. 32-59, 2020.